Também conhecida como Condropatia Patelar, ou Síndrome patelo femural, a Condromalácia Patelar ocorre devido ao amolecimento e/ou degeneração da cartilagem da Patela, aumentando a sobrecarga óssea nos movimentos dos joelhos. O sintoma mais comum da condromalácia patelar é dor na região anterior do joelho.
Você sabia que a Condromalácia Patelar possui diversos fatores de risco?
Os mais comuns são: sobrepeso, indivíduos com patela alta, indivíduos com geno valgo (joelhos “apontando” para dentro), sobrecarga articular (atividades com alto impacto, exercícios mal executados, entre outros) e pré disposição para artrite reumatóide (7).
Para um tratamento assertivo, o primeiro passo é o diagnóstico, normalmente obtido através de exames de imagem. O mais utilizado é a radiografia, porém os melhores exames para diagnosticar a Condromalácia são Ressonância Magnética e Artroscopia. Este último é o padrão outro para diagnóstico, porém, por ser um exame bastante invasivo, é pouco utilizado, já que a Ressonância Magnética proporciona um excelente diagnóstico (2).
Pesquisas tem mostrado que a condromalácia patelar apresenta 4 graus de intensidade. São eles (2):
- Grau I: amolecimento da cartilagem
- Grau II: fissuras com até 1,5cm de diâmetro
- Grau III: fissuras maiores de 1,5cm de diâmetro, sem exposição óssea
- Grau IV: degeneração da cartilagem com exposição óssea2.
Basicamente, a condromalácia patelar é uma condição ocasionada por maus hábitos motores nas atividades diárias, seja uma má postura ao andar/correr, exercícios maus executados e, até mesmo o fato de sentar em uma postura inadequada, por exemplo, sentar em cima das pernas por um longo período de tempo. Esses fatores dificultam a determinação exata da sua causa. Outro fator dificultante é o apresentado por apontando que há indivíduos que possuem condromalácia grau IV e não sentem dor, assim como há outros que sentem dor a partir do grau I (7).
Fatores determiantes para a aparição ou não da dor passam desde uma alteração na massa corporal, até uma mudança de rotina, ou a recuperação inadequada após a prática de atividade física.
Por se tratar de um desgaste de cartilagem, não há cura natural para a condromalácia, ficando o tratamento por conta do fortalecimento muscular para estabilização da articulação do joelho e, consequentemente, diminuição do atrito da patela com o fêmur no movimento de flexão de joelho. Em casos de lesões maiores, processos cirúrgicos são realizados. Uma revisão sistemática com 28 artigos selecionados, analisando o que é encontrado na literatura em relação aos tratamentos utilizados. Os autores observaram que há resultados interessantes tanto em processos cirúrgicos quanto em tratamentos conservadores (fortalecimento muscular) (3).
Os pesquisadores chegaram a conclusão que o tratamento para cada caso deve ser individualizado, sempre partindo do tratamento conservador e, em último caso, chegar ao tratamento cirúrgico (3).
Partindo por esse ponto, analisamos 2 estudos que, se comparados, confirmam que o tratamento individualizado é o melhor caminho. O primeiro estudo, realizado com 25 mulheres diagnosticadas com condromalácia patelar observa que, as voluntárias apresentaram, maior desequilíbrio de força na musculatura anterior de coxa (4). Já o segundo estudo, contando com 14 mulheres diagnosticadas com condromalácia patelar, obervou que as voluntárias apresentaram maior desequilíbrio na musculatura posterior de coxa (5).
Baseando-se nos 3 últimos estudos apresentados, podemos partir para ua sugestão de passos a ser seguida, caso você suspeite que possa ter condromalácia patelar (3) (4) (5).
- Procurar um médico ortopedista para obter um diagnóstico correto.
- Após o diagnóstico de condromalácia patalar, procurar um profissional qualificado para iniciar o tratamento conservador (fortalecimento muscular e educação motora).
- Somente em caso de insucesso no tratamento conservador, voltar ao médico ortopedista para conversar sobre uma possível cirurgia.
No caso dos profissionais, o primeiro passo é realizar uma anamnese (questionário realizado para entender os sintomas do paciente/aluno, conhecer possíveis causas para o problema e, a partir daí, traçar possíveis caminhos de tratamento) e uma avaliação postural com o paciente/aluno, objetivando chegar o mais próximo possível da causa do desgaste excessivo da cartilagem. Após estes passos, é possível traçar a melhor estratégia de ação para cada indivíduo.
Como profissional de Educação Física, costumo partir da estratégia de equilibrar a força muscular da musculatura estabilizadora de quadril, joelhos e tornozelos, corrigindo possíveis desequilíbrios posturais em membros inferiores. E aqui, aparece a importância do tratamento ser realizado com acompanhamento um profissional (profissional de Educação Física ou Fisioterapia) capacitado, pois exercícios executados de forma incorreta, ou mesmo com um volume inadequado, podem ser prejudiciais.
Como estratégia complementar, é possível utilizar a Aromaterapia com objetivo de diminuir a dor nos joelhos durante e após o treinamento. Os óleos essenciais podem ser excelentes aliados, porém, para utilizá-los sem riscos e obtendo o máximo dos seus benefícios, é importante ter conhecimento, muitos óleos possuem interação com medicamentos, outros podem irritar sua pele, em sua grande maioria devem ser utilizados com um óleo carreador, crianças, gestantes, idosos, lactantes, pessoas com doenças neurológicas devem ter uma atenção redobrada. Faça um curso de aromaterapia ou procure um profissional que trabalha com óleos essenciais.
Como pré-treino, pode-se utilizar o óleo essencial de Wintergreen (Gaultheria fragrantíssima), rico em salicilato de metila (cerca de 99%), vasodilatador, aquece localmente a musculatura e é um excelente anti-inflamatório.
Em um roll-on de 10ml, pingar:
- 2 ml (44 gotas) de óleo essencial de wintergreen;
- Completar o recipiente com óleo carreador (sugestão: óleo de arnica);
- Massagear as panturrilhas e os joelhos.
Vale ressaltar que alguns óleos essenciais possuem interações medicamentosas, tendo uso restringido ou até mesmo proibido em alguns casos. No caso do óleo essencial de Wintergreen a interação é com medicamentos anticoagulantes, podendo ocasionar hemorragias (1).
Após o treino, o óleo essencial de Capim-limão (Cymbopogon flexuosus) é uma excelente opção, sendo rico em geranial e neral, é analgésico, calmante, relaxante muscular e anti-inflamatório.
Em um roll-on de 10ml, pingar:
- 1 ml (22 gotas) de óleo essencial de Capim-limão;
- Completar o recipiente com óleo carreador (sugestão: óleo de gergelim [anti-inflamatório, bom para artrite, reumatismo e câimbras] ou jojoba [anti-inflamatório]);
- Massagear os joelhos e outras partes das pernas que sentir fadiga.
Assim como o óleo essencial de Wintergreen, o óleo essencial de Capim-limão também possui interação medicamentosa, porém com medicamentos sedativos (6).
Referências:
1) BAUDOX, Dominique. O grande manual da Aromaterapia de Dominique Baudox/Dominique Baudox [Tradução: Mayra Corrêa e Castro]. 1ed. rev. e atual. Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2018. Título original: Aromathérapie: 100 huiles essentielles. 674p.
2) HABUSTA, S.F. et al. Chondromalacia Patella. StatPearls [Internet]. Treasure Island, 01 jul. 2021.
3) LAGES JMF, CARVALHO LAN, GOUVEIA NM.Revisão sistemática sobreo tratamento conservador e cirúrgico na condromalácia patelar. Revista Saúde Multidisciplinar (Mineiros). 2020 out, 8(2): 18-23. (3)
4) NASCIMENTO, Manoela Beatriz. Implicações da força de estabilizadores de joelho e quadril em mulheres com disfunção femoropatelar. 2019. 24 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Fisioterapia) – Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2019.
5) OLIVEIRA, Letícia Villani de et al. Muscle strength analysis of hip and knee stabilizers in individuals with Patellofemoral Pain Syndrome. Fisioterapia e Pesquisa [online]. 2014, v. 21, n. 4 [Acessado 16 Março 2022], pp. 327-332. Disponível em: <https://doi.org/10.590/1809-2950/11903021042014>. ISSN 1809-2950. https://doi.org/10.590/1809-2950/11903021042014.
6) RIBOLDI, Luciara Sartori; RIGO, Marinês Pérsigo Morais. ANÁLISE DO USO DE PLANTAS MEDICINAIS E MEDICAMENTOS EM HABITANTES DO MUNICÍPIO DE CAPITÃO/RS. Revista Destaques Acadêmicos, [S.l.], v. 11, n. 3, nov. 2019. ISSN 2176-3070. Disponível em: <http://univates.br/revistas/index.php/destaques/article/view/2229>. Acesso em: 19 jun. 2022. doi:http://dx.doi.org/10.22410/issn.2176-3070.v11i3a2019.2229.
7) SILVA, Thiago Fernandes Peixoto et al. CONDROMALÁCIA PATELAR – ASPECTOS ETIOLÓGICOS, EPIDEMIOLÓGICOS E MANEJO TERAPÊUTICO. Brazilian Journal Of Developement, Curitiba, v. 7, n. 10, p. 98464-98473, out. 2021.
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