Práticas Integrativas ou Contracultura?

Você já ouviu falar que o Brasil é um dos países que mais se destaca em pessoas com o transtorno de ansiedade e depressão? E que também é um dos países que mais consomem fármacos para o tratamento de tais transtornos?


Também imagino que já tenha ouvido, lido ou ainda constatado que nosso país é um dos territórios mais diversos e abundante em flora, fauna, vegetação e de recursos humanos de imensurável e notório conhecimento da cultura popular. Curioso, não é? Para não dizer contraditório.

Atrevo-me em conduzir o leitor para além. Em datas ancestrais a História constata que os seres humanos sempre buscaram maneiras de buscar o equilíbrio, o bem-estar físico, mental, emocional, a cura. Ainda não se tinha a importante comprovação científica. O que havia era a constatação, a fé, a invocação divina a seres cósmicos, míticos, às forças da natureza. De onde exatamente vinha tal força curativa ou equilibradora? “Eis o mistério da fé”. 


O fato é um só: a cura está no corpo e para o corpo. O que faço, como faço, o que como, o que bebo, como me movo, com que frequência me comunico ou expresso, como me expresso. Curar o que? Os exageros. As filosofias orientais pregam o “caminho do meio”: nem pouco e nem muito. Este é o equilíbrio.


 No Brasil não existe caminho do meio. Há exceções em comunidades isoladas ou pessoas que se isolam da comunidade maior numa bolha. O que tem é correria excessiva, trabalho excessivo, orgias gastronômicas, uma busca incansável pelo prestígio material e reconhecimento acadêmico, uma necessidade exacerbada pelo consumismo.


Em meados da década de 1960 houve uma manifestação de alguns grupos, em sua maioria jovens, que se colocaram em postura questionadora de tais valores. Foram chamados de “hippies”. Tal movimento foi forte nos Estados Unidos da América, aqui e em outros locais do mundo. A questão é colocar cultura e natureza em cheque. É “levantar a bandeira” do natural como sendo a melhor opção. É trazer à reflexão de que tudo o que precisamos para vivermos bem e em equilíbrio não está nas coisas, no outro, nas armas nucleares, no poder político, econômico, social ou nas religiões, mas sim na natureza e no ser e estar no mundo. Ressalta Bastide (2006), enquanto o ideal da modernidade racionalista, individualista, consumista se difunde pelo mundo, com projetos revolucionários e inovadores, surge nos países mais desenvolvidos em tais inovações modernas um movimento de reação aos princípios e avanços tecnológicos. É o movimento da contracultura. Um contraponto aos ideais de felicidade das sociedades modernas e contemporâneas. O movimento vem repensar e questionar os valores das culturas modernas em defesa da igualdade entre os povos (e são tantos povos), de um retorno à vida comunitária, comungando com a ecologia, um retorno à natureza. É a contramodernidade.


No Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro, há décadas já se fala em ferramentas naturais para integrar a saúde plena dos usuários, ou seja, uma política em defesa de uma saúde plena dos cidadãos brasileiros, para além daquela formulada fora da natureza quando uma pessoa se encontra em estado de doença. Vejam, caros leitores, uma coisa não nega a outra, pois estamos falando de saúde e não de doença. E saúde é algo que se constrói todos os dias, que busca uma manutenção. Doença é um estado passageiro e que se espera nunca ficar. Mas, se isto ocorrer, por uma falha de cuidados constantes, frequentes, diários, ou por um invasor viral muito potente, ou por uma bactéria maléfica ou ainda por um acidente físico fatídico, então é o caso de usar armas outras que não estão na natureza. Aqui entra o importante conhecimento e estudo da medicina ocidental, da farmácia e áreas acadêmicas correlatas.


São muitas as práticas integrativas e complementares em saúde (PICS): Medicina Tradicional Chinesa (Acupuntura), Medicina Antroposófica (Homeopatia), Arteterapia, Ayurveda, Meditação, Musicoterapia, Quiropraxia, Reiki, Terapia de Florais, Yoga, Biodança, Danças Circulares e outras. O que tem em comum? A busca pelo equilíbrio. Onde está o equilíbrio? No corpo. Quem é o corpo? Você e eu. “Somo um corpo”, conforme Maurice Merleau-Ponty.


Um corpo precisa pausar, respirar, achar o “centro”, “power house”, “core”, “yin yang”, “girar no eixo”, “circular para a direita e esquerda ao redor do centro”, “externar luz”, “emanar sons e mantras”, “atingir pontos”. É um estado de presença. Isso está presente em diferentes práticas corporais ou técnicas somáticas ou terapias. Diferentes termos para uma só finalidade: o equilíbrio. Atingir o equilíbrio é colocar em prática aquilo que nos faz bem, é experimentar e encontrar uma ou outra ou várias destas possibilidades de práticas integrativas de saúde e atingir o tônus vital.


Fica aqui uma pitada introdutória para possíveis novos encontros de práticas integrativas (ou seria contracultura?) de Biodança e Danças Circulares.


Quer saber mais a respeito? 

 

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