Óleos essenciais cítricos

Você que já conhece os benefícios das frutas cítricas para a saúde, sabe quais são os principais benefícios dos óleos essenciais cítricos? 

 

Quando pensamos nos principais produtos agrícolas brasileiros, em algum momento, os citros ou cítricos vem a nossa mente. Só para o caso da laranja por exemplo, dados de 2020 mostram que o país detém 50% da produção mundial do suco da fruta e exporta 98% do que produz. 

 

Depois da laranja, o limão, a tangerina e a lima também são grandes representantes das frutas cítricas brasileiras, mas tanto no Brasil como pelo mundo a fora, existem diferentes espécies de plantas cítricas que devem sempre ser indentificadas e indicadas para que não haja confusão quanto à composição e aplicações. Alguns exemplos são: laranja doce (Citrus sinensis), laranja amarga (Citrus aurantium), neroli (Citrus aurantium), petitgrain (Citrus aurantium), tangerina (Citrus reticulata), limão (Citrus limon), lima (Citrus aurantifolia), toranja (Citrus paradisi), bergamota (Citrus bergamia), Yuzu (Citrus junos) e kumquat (Citrus japonica). 

 

As frutas cítricas são conhecidas como fontes de ácido cítrico, minerais e flavonóides e pelo alto teor de vitamina C ou ácido ascórbico. A laranja, por exemplo, foi trazida pelos portugueses ao Brasil em 1530, logo após a colonização, e usada no combate ao escorbuto que devastava as tripulações dos navios durante as grandes navegações. Mesmo no cenário pandêmico da Covid-19, ao contrário do esperado, houve alta na demanda das frutas cítricas, já que a vitamina C tem ação antiviral, antioxidante e auxilia no aumento da imunidade do corpo humano.   

 

Mas será que os benefícios dos citros só podem vir do consumo in natura das frutas ou dos sucos? Com certeza não. Das citros também se extrai o óleo essencial que não vem da polpa da fruta, mas da casca e ainda de outras partes da planta como folhas ou flores.  

 

O óleo essencial é o subproduto mais valioso do processamento de cítricos e é explorado nas indústrias alimentícias como intensificador de aroma, na indústria farmacêutica como aromatizante para mascarar sabores desagradáveis de medicamentos e em diversas composições na perfumaria e produtos de limpeza. 

 

Do que o óleo essencial cítricos é composto?  

 

 

Principalmente por hidrocarbonetos monoterpênicos e sesquiterpênicos, seus derivados oxigenados e aldeídos, álcoois e ésteres alifáticos. Nos óleos essenciais não encontramos vitaminas e minerais como no suco da fruta, mas encontramos terpenos, flavonóides, carotenos e cumarinas entre outras substâncias. Leia aqui sobre funções orgânicas e ações terapêuticas. 

 

Propriedades terapêuticas dos óleos essenciais cítricos

 

 

Os óleos essenciais cítricos são bem conhecidos por suas propriedades de sabor e fragrância, bem como numerosas aplicações aromaterapêuticas e medicinais. 

 

Diversos óleos essenciais cítricos apresentam amplo espectro de ação antibacteriana e antifúngica. O óleo essencial de toranja ou grapefruit auxilia no combate a obesidade, facilitando a lipólise e suprimindo o ganho de peso corporal. O óleo essencial de limão tem sido usado para aliviar o resfriado comum, gripe, asma, artrite e bronquite, também pode ser útil no tratamento da obesidade e do Alzheimer

 

Os óleos essenciais cítricos são compostos por dezenas ou centenas de substâncias em concentrações que variam entre as espécies e muitas vezes dentro da mesma espécie a depender da região de cultivo, fatores ambientais, método de extração, entre outros. Veja aqui o que é geotipo. 

 

Mesmo com variações, o principal componente das cascas dos cítricos é o limoneno que na laranja doce, por exemplo, pode representar 96% da composição. 

 

O alto teor de d-limoneno tem sido investigado em vários óleos essenciais cítricos como responsável pela boa atividade antioxidante, ou seja, pela boa capacidade de sequestro de radicais livres. Devido à presença de d-limoneno, o óleo essencial da laranja amarga possui ações gastroprotetoras e cicatrizantes de úlceras o que é útil como intervenção secundária no tratamento de doenças inflamatórias crônicas, distúrbios digestivos, como digestão lenta, prisão de ventre, flatulência, problemas gástricos. Estudos in situ e in vivo também sugerem que o d-limoneno possui efeitos quimioprofiláticos, citotóxicos e anticarcinogênicos inibindo a proliferação celular e apoptose induzida em algumas células de câncer. 

 

 

Mas a ação dos óleos essenciais cítricos não se limita a presença do d-limoneno. É muito importante salientar que os óleos essenciais são misturas complexas e que, mesmo substâncias encontradas em baixíssimas concentrações, podem contribuir para o efeito sinérgico dos óleos essenciais. 

 

Toxicidade dos óleos essenciais cítricos  

 

 

De modo geral, os óleos essenciais cítricos não são tóxicos, mutagênicos e cancerígenos. Eles não são perigosos na gravidez e não alteram o sistema reprodutivo.  Os óleos de laranja doce, laranja amarga, néroli, petitgrain, limão, lima, bergamota, e toranja têm status GRAS (Generally Recognized as Safe) pela Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos, ou seja, é um produto que pode ser adicionado ao alimento considerado seguro por especialistas. 

 

Como em outros casos, a forma de extração dos óleos das cascas influencia a composição do óleo essencial. Os óleos destilados não são fototóxicos, enquanto os óleos prensados apresentam um risco baixo a moderado de fototoxicidade devido à presença de componentes não voláteis como hidrocarbonetos, esteróis, ácidos graxos, ceras, carotenóides, cumarinas, psoralenos e flavonóides. A fototoxicidade está relacionada a sensibilização ou irritação da pele se óleo velho, oxidado ou prensado é usado e a pele sofre exposição à luz solar ou a fontes luminosas artificiais. 

 

É por essa razão que devemos ter atenção e cuidado com nossos frascos de óleos essenciais cítricos, deixando-os sempre fechados em recipientes e ambientes escuros e protegidos do contato com o ar, água, luminosidade e calor.  

 

Outro fator que deve ser considerado antes de adquirir nossos óleos essenciais é a qualidade das frutas utilizadas para extração. Saber como foram cultivadas, se são livres de agrotóxicos e coletadas no período de maturidade adequado faz diferença com relação a segurança e ação terapêutica. Muitas vezes, esses fatores não são considerados por produtores que priorizam a extração do suco e deixam a extração do óleo essencial da casca como um subproduto de menor importância, embora tenha o maior valor agregado. 

 

 

Em resumo

 

 

Com exceção de alguma fototoxicidade ligada à forma de extração e cuidado no armazenamento, os óleos essenciais cítricos são geralmente seguros para uso com toxicidade insignificante para humanos. Além disso, continuarão a desempenhar papel importante nas indústrias de alimentos e bebidas, bem como para usos cosméticos e fitoterápicos. 

 

 

Referências

Dosoky, N. S., e Setzer, W. N. (2018). Biological activities and safety of Citrus spp. essential oils. International Journal of Molecular Sciences, 19(7), 1966.

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