Microplásticos Encontrados no Cérebro Humano: Impactos e Preocupações

 

Estudos recentes trouxeram à tona uma realidade alarmante: microplásticos, partículas minúsculas com menos de 5 milímetros, estão sendo detectados no cérebro humano. Pesquisadores da Universidade do Novo México conduziram análises1 em 91 amostras cerebrais e descobriram concentrações de microplásticos 10 a 20 vezes maiores do que em outros órgãos vitais como fígado e rins. Essa descoberta levanta sérias questões sobre os potenciais impactos à saúde, especialmente em um mundo cada vez mais saturado pela poluição plástica.

Exemplos de imagens TEM de nanopartículas sólidas derivadas de amostras de rim (esquerda), fígado (centro) e cérebro (direita). Fonte: Campen, et al., 2024.

Como os Microplásticos Atingem o Cérebro Humano?

A principal via de entrada dos microplásticos no corpo humano é através da ingestão e inalação. Estudos estimam que uma pessoa consome aproximadamente cinco gramas de microplásticos por semana, o equivalente a um cartão de crédito. Essas partículas, presentes em alimentos, água e até no ar, conseguem atravessar a barreira intestinal e atingir a corrente sanguínea. De lá, podem ser transportadas para vários órgãos, incluindo o cérebro. A barreira hematoencefálica, que normalmente protege o cérebro de substâncias nocivas, não parece ser um obstáculo absoluto para os microplásticos. Partículas extremamente pequenas, conhecidas como nanoplásticos, conseguem atravessar essa barreira, potencialmente causando estresse oxidativo, inflamação e interrupções nas funções cerebrais normais.

Impactos na Saúde Neurológica
A presença de microplásticos no cérebro levanta preocupações significativas sobre os impactos neurológicos potenciais. Estudos com camundongos já associaram a exposição a microplásticos a um declínio cognitivo semelhante à demência2. Em humanos, os pesquisadores estão preocupados com possíveis conexões entre a presença desses poluentes e doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer3.
Além disso, estudos preliminares indicam que a exposição prolongada a microplásticos pode resultar em alterações metabólicas graves. Embora os efeitos de longo prazo ainda sejam incertos, o acúmulo dessas partículas no cérebro sugere que podem ocorrer consequências graves para a saúde neurológica.

A Poluição por Microplásticos: Um Desafio Global

A crescente detecção de microplásticos em tecidos humanos reflete a poluição ambiental cada vez mais severa. A produção de plásticos continua a aumentar, o que agrava o problema, já que a decomposição do plástico resulta na formação dessas partículas microscópicas. É urgente que ações sejam tomadas para mitigar a exposição humana aos microplásticos e investigar mais profundamente os seus efeitos na saúde.

 

A pesquisa sobre microplásticos ainda está em fase inicial, com grande parte dos estudos focados em ambientes controlados ou em modelos animais. No entanto, o impacto potencial na saúde humana é motivo de preocupação global, e novos estudos são necessários para entender completamente as implicações dessa exposição.

 

 

Referências:

[2] Fonte: https://www.aamc.org/news/microplastics-are-inside-us-all-what-does-mean-our-health
[3] Fonte: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34371026

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