Quem decide o que será ensinado nas escolas médicas?

 

Nos Estados Unidos, a construção da grade curricular de um curso de medicina é um processo complexo que envolve múltiplos stakeholders, incluindo instituições de ensino, órgãos reguladores e associações profissionais. As escolas médicas americanas geralmente seguem diretrizes estabelecidas por organizações como a Liaison Committee on Medical Education (LCME), que é responsável pela acreditação de programas médicos nos EUA e no Canadá. A LCME estabelece padrões mínimos para o currículo, incluindo requisitos de tempo de ensino, conteúdo de disciplinas e experiências clínicas.

 

A construção da grade curricular nos EUA é influenciada por uma variedade de fatores, incluindo avanços científicos e tecnológicos, demandas do mercado de saúde, necessidades da comunidade e tendências educacionais. Além disso, a presença e influência da indústria farmacêutica e de outros setores de saúde privados também desempenham um papel significativo na determinação do conteúdo do currículo, através de patrocínios, doações e parcerias.

Essa abordagem curricular americana muitas vezes influencia a construção das grades de medicina no Brasil, especialmente em instituições que buscam se alinhar com padrões internacionais de ensino médico. Como resultado, vemos uma ênfase semelhante em disciplinas básicas e clínicas, bem como uma maior valorização do modelo biomédico de saúde, que enfatiza o tratamento de doenças com medicamentos e intervenções médicas.

Essa abordagem nos Estados Unidos tende a influenciar indiretamente a construção das grades de medicina no Brasil. Muitas instituições de ensino médico no Brasil buscam se alinhar com padrões internacionais de qualidade e excelência, o que pode levar à adoção de modelos e práticas semelhantes aos dos Estados Unidos. Como resultado, vemos uma ênfase semelhante em disciplinas básicas e clínicas, bem como uma maior valorização do modelo biomédico de saúde, que enfatiza o tratamento de doenças com medicamentos e intervenções médicas.

No entanto, o processo de regulamentação no Brasil é realizado pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), que estabelecem diretrizes e critérios específicos para a formação médica no país e as acreditações das escolas médicas são realizadas pelo CRM em parceria com agências acreditadoras internacionais.

No Brasil, as agências acreditadoras internacionais mais reconhecidas e utilizadas para acreditação de escolas médicas são a Liaison Committee on Medical Education (LCME) nos Estados Unidos e a Association for Medical Education in Europe (AMEE) na Europa.

A relação das agências acreditadoras com a indústria farmacêutica nos Estados Unidos e na Europa pode ter impactos significativos no currículo médico ensinado no Brasil. A indústria farmacêutica muitas vezes desempenha um papel importante no financiamento de pesquisas, projetos educacionais e conferências médicas, o que pode influenciar indiretamente as diretrizes e os padrões de qualidade estabelecidos pelas agências acreditadoras.

Essa influência pode se manifestar de várias maneiras, incluindo a promoção de abordagens de tratamento mais medicamentosas, o destaque para a prescrição de medicamentos em detrimento de outras modalidades de tratamento, e até mesmo a inclusão de conteúdo relacionado a produtos farmacêuticos específicos nos currículos médicos.

Portanto, é possível que as escolas médicas no Brasil, ao buscarem acreditação internacional ou se alinharem com padrões internacionais de ensino médico, acabem adotando práticas e currículos que refletem essa influência da indústria farmacêutica. Isso pode resultar em uma formação médica que valoriza mais o tratamento medicamentoso em detrimento de abordagens mais holísticas e preventivas, impactando assim a prática médica no país. Entende por que é importante você entender todo esse processo de formação dos médicos e médicas?

 

Disclaimer
O conteúdo do site não se destina a diagnosticar, tratar, curar ou prevenir qualquer doença. Todas as informações são baseadas em evidências científicas, porém fornecidas apenas para fins informativos e com o objetivo de realizar divulgação científica.

Compartilhe esse post

Receba nossa newsletter

Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade.